Como ajudar sua equipe a entregar o mínimo viável do seu produto

Uma nova forma de criar e evoluir produtos, entregando somente o mínimo viável tem sido fundamental para ajudar milhares de empreendedores a lançar produtos fantásticos. Veja os exemplos de sucesso como o iPhone, o Facebook, o Spotify, dentre vários outros. Seus idealizadores trabalham desta forma, desde o início dos tempos, quando esses produtos ainda não eram (mega) famosos.
Os benefícios de entregar o mínimo viável irão te ajudar a levar o seu produto ao mercado muito mais rápido, a minimizar seus gastos e a evoluir o seu produto baseado na necessidade real dos seus usuários.
Muitas vezes você não está sozinho nesse empreendimento. Você já tem ou está começando a formar uma equipe. Logo você precisa saber como ajudar a sua equipe a entregar o mínimo viável do seu produto.
Para início de conversa, você precisa alinhar todos sobre o conceito de produto mínimo viável. Mas não se preocupe, pois esse conceito tem nome e até apelido.
Isso mesmo. A excelente ideia de criar somente o mínimo viável do seu produto tem um nome e apelido: Produto Mínimo Viável (nome completo) e MVP (apelido, proveniente da abreviação de Minimum Viable Product, em Inglês).
Mas o que é MVP?
O MVP é a versão mais simples de um produto que pode ser disponibilizada para a validação de um pequeno conjunto de hipóteses sobre o seu negócio. Basicamente, você não quer desperdiçar tempo, dinheiro e esforço construindo um produto que não vai atender às suas expectativas. Para isso, é preciso entender e validar as hipóteses sobre o seu negócio. O MVP ajuda essa validação e aprendizado da forma mais rápida possível.
Você tem de ser muito claro com a sua equipe. Por mais que tenha informação prévia, pesquisa de mercado, entrevistas com usuários, não há como garantir o resultado satisfatório do produto. Por isso você precisa repetir essas palavras em voz alta, para toda a equipe:
Nós estamos trabalhando com hipóteses. Por isso vamos fazer somente o mínimo viável para validá-las. Para dar um primeiro passo na direção do nosso produto de sucesso. E, um dia, vamos ser tão famosos e bem sucedidos como o Facebook, o AirBnB e a Uber.
Mas a sua equipe não ficou completamente convencido com essa conversa de validação de hipótese? Então você deve contar um pouco de história.
Conta para a sua equipe que o conceito de MVP emergiu no Vale do Silício, de onde brotam negócios e produtos mega bem sucedidos. Conta a história toda, misturando a eficiência do Japão com a eficácia do Vale do Silício.
História do MVP
A ideia de MVP está originalmente vinculada às ideias popularizadas pelo estilo Toyota de manufatura enxuta, daquele povo super eficiente, lá do Japão [1] [2] [3]. Steve Blank, um empreendedor do Vale do Silício, criou uma metodologia [4] baseada no desenvolvimento do cliente. Este foi o início do movimento Lean Startup, o qual teve seu ápice com Eric Ries e o lançamento do seu livro [5], com o mesmo nome do movimento.
Eric Ries popularizou o termo MVP desde a publicação do seu livro “Lean StartUp”, mas o conceito estava em uso vários anos antes do surgimento do movimento Lean Startup, especialmente entre as startups, com seus empreendedores e investidores do Vale do Silício.
Uma fatia fina
Depois de explicar o porque, o que é, e de onde vem, você vai ter de explicar como pensar no produto, neste estilo MVP. É a conversa sobre a fatia fina. Esta imagem ajuda nessa conversa.

Não é por entregar um MVP que o produto é ruim, simplório, incompetente. Não confunda inacabado com ruim, simples com simplório, incompleto com incompetente. O MVP deve ser factível (de ser criado), facilmente usável, gerar muito valor e ser incrível.
Todo MVP deve ter o fator do uau! “Uau, mas isso é muito bom, eu quero mais.”
Pergunte para quem teve um iPhone1.0. O produto estava inacabado, mas tinha o fator uau.
O iPhone1.0 não tinha aplicativos de terceiros, não tinha GPS, não tinha copy/paste! A ligação era pior do que nos outros aparelhos da época. Mas tinha o fator uau. E seu usuários queriam mais.

Outro exemplo é o Facebook. Muita gente somente considera o super sucesso bem depois do começo. Mas MVP é para esse começo. Olha só o primeiro site do Facebook!
telas iniciais do TheFacebook, cedidas por Joca Torres [6]
Esse início do Facebook ilustra a ideia de uma fatia fina, de MVP. E funcionou (muitíssimo bem)! O MVP era factível, usável, tinha valor e era incrível. Uau, os usuários queriam mais!
Então, converse com o seu time. Se a Apple e o Facebook começaram com MVPs que hoje podemos considerar tão primitivos, convença a sua equipe de fazer muito menos e alcançar muito mais.
Para entregar o mínimo viável, a sua equipe precisa deixar muita funcionalidade para depois. A sua equipe precisa compreender e priorizar o que compõe esse mínimo viável.
Todos podem (e devem) sonhar com um super produto de sucesso, repleto de funcionalidades. Mas devem ser realista: enquanto não existe, tudo não passa de uma hipótese de negócio.
Eu não vou mentir para você e dizer que somente uma conversa vai alinhar todos sobre o MVP. Não vai. Até porque, provavelmente, a sua equipe tem pessoas com papéis e perfis distintos.
E cada um desses perfis, provavelmente, vai propor algo diferente para o MVP. Por exemplo, alguém vai dizer que dado a realidade da tecnologia, é necessário ter isso, aquilo, e aquilo outro para ser o mínimo viável. Enquanto outra pessoa vai dizer que sabe o que os clientes querem, e sem A, B e C, não tem mínimo viável. Se juntar tudo, vai virar uma colcha de retalhos, não um MVP.
Daí que vem a necessidade de um bom workshop, com uma sequência efetiva de atividades para alinhar todos sobre o que devem fazer (ou deixar de fazer), e o que deve ser o MVP.
Esse workshop ganhou o nome de inception enxuta, e está descrito em detalhes no meu livro Direto ao ponto, criando produtos de forma enxuta [7].
Então, respondendo a sua pergunta: Como ajudar sua equipe a entregar o mínimo viável do seu produto?
Converse com a sua equipe sobre o conceito de MVP, e faça uma inception enxuta, no estilo direto ao ponto.
Referências
[1]: Womack, James P.; Daniel T. Jones, and Daniel Roos. (1990) The Machine That Changed the World.
[2]: Ohno, Taiichi. (1988) Toyota Production System. Productivity Press
[3]: Womack, James P.; Daniel T. Jones. (2003) Lean Thinking. Free Press.
[4]: Blank, Steve G. (2013) The four steps to the epiphany: successful strategies for products that win.
[5]: Ries, Eric. (2011) The Lean Startup: How Today’s Entrepreneurs Use Continuous Innovation to Create Radically Successful Businesses. Crown Publishing.
[6] Torres, Joaquim (2017) Guia da Startup; como startups e empresas estabelecidas podem criar produtos de software rentáveis, 2a edição, 2017
[7] Caroli, Paulo (2016) Direto ao ponto; criando produtos de forma enxuta, Casa do Código, 2a edição, 2016
Inscreva-se no próximo workshop Lean Inception do livro Direto ao Ponto e aprenda como alinhar as pessoas e criar o produto certo.
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